Dinheiro limpo

O COI divulgou ontem que a Visa extendeu sua parceria com a entidade até 2020, o que confirma o sexto patrocinador TOP para a Olimpíada do Rio, em 2016. A notícia é tão mais importante se analisado o fato de que essa é uma das arrecadações a que o Comitê Organizador dos Jogos também tem direito. A fatia para as obras da cidade brasileira, seguindo as projeções históricas, pode ser a maior e significará bilhões de dólares, em recursos diretos.

Em linhas históricas, o que pouca gente tem observado, é que patrocinadores e TV podem render bilhões para a gestão dos Jogos. Os números do marketing do COI podem ser consultados em seu relatório de domínio público, com dados até a Olimpíada de Pequim, e servem para constatar o porquê dos concorrentes do Rio projetarem pouco gasto público, diante desse tipo de receita limpa. Na cidade brasileira, só se prevê maior intervenção governamental, em razão da conhecida deficiência estrutural, ainda na comparação com Chicago, Tóquio e Madri.

No caso dos patrocinadores top, como são chamados os anunciantes com longos contratos mundiais com o COI, 50% da receita é direcionada ao Cojo – o Comitê Organizador dos Jogos. Os contratos são feitos por quadriênios e a divisão também atende às olimpíadas de inverno, em percentual desconhecido.

O TOP Programme – em sigla em inglês para programa dos parceiros olímpicos ou The Olympic Partners – foi criado em 1985 e viu suas sifras se multiplicarem por 10, desde então. Do quadriênio Calgary/Seul ao Turim/Pequim, houve um salto de receita de US$ 96 milhões para US$ 866 milhões, com doze parceiros, no total.

Só para constar, Vancouver 2010 e Londres 2012 contam com nove patrocinadores TOP – Coca-Cola, Acer, Atos Origin, GE, McDonald’s, Omega, Panasonic, Samsung and Visa. Já estão garantidos para o quadriênio Sochi/Rio seis parceirias: Atos, Panasonic, Samsung, Coca-Cola, Omega e Visa.

O Cojo ainda pode fechar negócio com patrocinadores locais e essa promoção doméstica pode render até quase meio bilhão de dólares, como foram os casos de Salt Lake City, Atlanta e Sidney. E o bolo pode crescer, na dependência da gestão brasileira.

Como o COI ainda não expõe os números do quadriênio Vancouver/Londres e Sochi/Rio, a mídia internacional abre um leque de projeções, algumas com aspas de membros importantes do COI.

Já se sabe que os patrocinadores TOP estão pagando entre 900 e 920 milhões de dólares pelo quadriênio Vancouver/Londres e formidáveis 3,5 bilhões de dólares pelos direitos de TV para o mesmo período, sendo 2,2 bilhões somente da NBC norte-americana.

No caso do quadriênio Sochi/Rio, o presidente do COI, Jacques Rogge, afirmou neste mês, que os contratos de TV já somam 920 milhões de dólares. E faltam os principais mercados, como EUA, França, Alemanha, Itália, Japão, dentre outros.

É bom que se registre que, da soma de valores dos contratos de direitos de transmissão (acrescidos dos novos meios, como internet, celulat), 49% são destinados aos comitês organizadores, tendo a adversidade de Atenas, que recebeu 60% da receita, naquela ocasião – 2004.

E especulo sobre a ação da ESPN/ABC, na disputa norte-americana. A emissora pode bater a NBC, com um planejamento diferenciado, como fechar um contrato com transmissão para toda a América, onde só o Brasil já confirmou os direitos. Com a penetração da ESPN nesses outro mercado, avalio que a a ação dessa major pode caminhar pra isso, com todos esses contratos em aberto.

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