É um tema que gostamos. Porque é o mais visto e, por vezes, recheado de antologias: as cerimônias de abertura dos Jogos Olímpicos.
Hoje, o Comitê Organizador de Londres anunciou que o cineasta londrino Danny Boyle, marcado por “Trainspotting”, oscarizado por “Quem Quer ser Um Milionário”, será o diretor artístico das cerimônias dos Jogos de 2012. Ele terá a colaboração de Stephen Daldry, também inglês, grifado pela Reuters, erroneamente, como produtor, sendo um notório teatrólogo, com aventuras bem sucedidas no cinema, vide “Billy Elliot”.
Boyle deu coletiva hoje. Falou que não veremos a grandiosidade de Pequim e que irá imprimir personalidade a um espetáculo mais barato – ao custo de 40 milhões de libras.
No time de Boyle, além de Daldry, temos ainda:
Mas discordo da Reuters, quando diz que Pequim “estabeleceu um novo parâmetro para esses eventos, em geral, considerados tediosos e mal feitos”.
Porque percebo que essas cerimônias deixaram de ser ordem unida, a partir de 1992, com os Jogos de Albertville, na França. Havia uma nítida mudança de conceito, com domínio do estilo Cirque du Soleil, escola “surrealista”, de grandes eventos, como bem definiu David Atkins, australiano que tem uma coleção de produções desse calibre, no currículo – que inclui Sidney 2000.
Como também é possível dizer, com a mesma convicção, que, nos Jogos de Verão, não foi de Pequim a grande virada. E até acho que tal façanha pode ser repetida porque Londres, verdadeiramente, vislumbra algo parecido, principalmente com a contratação do megalomaníaco Fisher. Não vejo algo pequeno em 2012, só de lembrar da estrutura de “360°”, a tour do U2. Os ingleses também optaram por um grande cineasta, no comando, muito por conta do casamento com a TV e no resultado chinês. Na China, Zhang Yimou, do pirotécnico “Herói”, foi o dono da concepção. Mas até Spielberg foi convidado para colaborar com o resultado final. Declinou, meses antes, em solidariedade política ao Tibet.
Zhang Yimou, portanto, é parte dessa história.
Mas a concepção artística que mudou essas cerimônias veio dos Jogos anteriores, em Atenas – 2004, talvez a mais inovadora de todas, chamada de “triunfo”, pelo “Time”.
A começar pelo Complexo arquitetônico de Calatrava, passando pela primeira transmissão (para os EUA) em alta definição, resultando no melhor casamento, agradando TV e estádio.
Então, conhecemos a obra do grego Dimitris Papaioannou, o mais profícuo artista daquele país. O coreógrafo e artista visual, como ele se define, em seu site, trabalhou água, retroprojeção, desfiles de paradas de personagens esculpidos (como a Medéia do lado.
Atenas 2004 fez diferente em tudo, limpou as coreografias que não aparecem na TV e nem mesmo o espectador do estádio vê. Tirou a ordem unida característica desses eventos.
O conceito de Dimitris era novo no vestir e no enscenar, algo difícil para um evento de massa. E se vê, abaixo, que o resultado do estádio do Calatrava é muito próximo do obtido com sua peça, “Medéia”.
Então vem a pergunta: Quem sucederá Dimitris, Boyle e Yimou, na direção dessa grande festa, em 2016.
Deborah Colker, que já fez o Pan do Rio (no melhor momento, diga-se). Deveriam convidá-la, ao menos, para a cerimônia de encerramento de Londres, quando o Rio dá as caras.
Bia Lessa, diretora de teatro. Já vi coisas genais dessa mulher, como num Prêmio do Cinema Brasileiro de 2000.
Paulo Pederneiras, do Grupo Corpo.
Gabriel Vilela, diretor de teatro (o melhor do Brasil, talvez).
Fernando Meirelles.
Criatividade? Temos. Mas acredito que os produtores serão gringos.