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Record flerta com Band

A Record, como se sabe, garantiu os direitos de transmissão, com exclusividade, para os Jogos Olímpicos de 2010 (Vancouver) e 2012 (Londres), além dos Jogos Pan-americanos de 2011 (Guadalajara, no México) e de 2015 (em que a sede será definida nesta sexta-feira). A emissora vendeu os direitos para TV fechada, mas mantinha a política de tratar como exclusivo, a transmissão na TV aberta. Pelo que consta na coluna Radar, da Veja, a rede tem mudado de idéia.

Pela nota do Radar, a Record avalia a possibilidade de ceder os direitos à Band, para os Jogos Pan-americanos. Ainda não se fala em negociar o Jogos de Vancouver ou Londres, na TV aberta, mas a emissora detentora descarta negociar com a Globo. É bom lembrar que todos esses eventos, garantidos com exclusividade, já foram repassados pela Record para Sportv e Bandsports, para transmissão em sinal fechado.

Nesse sentido, a Sportv pode superar a audiência aberta, no início do próximo ano, quando da transmissão dos Jogos de Inverno. É que, também em apuração da coluna Radar, em outra nota, a Record irá enviar 80 profissionais para Vancouver, no Canadá, mas o grosso da produção será exibida no Record News, canal presente só em algumas praças brasileiras. Como o evento é pouco popular, no Brasil, a emissora “mãe” não quer arriscar.

Ainda assim, os dirigentes da Record querem demonstrar forte comprometimento com o olimpismo. A emissora enviou para Guadalajara, no México, onde acontece a assembléia da Odepa, organização que administra o Pan, sua principal repórter especial, ex-apresentadora do Jornal da Record, Adriana Araujo. (E segue a reportagem do Portal R7.)

A reportagem mostrou que o bispo Honorilton Gonçalves, segundo nome, na hierarquia da emissora, atrás apenas de Edir Macedo, estava no México para acompanhar a assembléia da Odepa, prometendo uma emissora agressiva, principalmente, na formação de equipe esportiva.

Vislumbrando o mercado, é possível ver um único caminho pra se engrossar o magro quadro esportivo da emissora: com um assédio estratégico ao time da Sportv. Fosse Honorilton, contrataria o maior nome da emissora fechada do grupo Globo, como o Milton Leite, por exemplo, e já seria meio caminho andado.

Pelas falas de Honorilton e o empenho de circular pessoalmente pelo universo da cartolagem, a Record aparecerá, em breve, com sagacidade.

Em fevereiro, a emissora anunciou o desligamento de Eduardo Zebini, então responsável pelo departamento de esporte. Sérgio Hilinsky, ex-Globo, assumiria um posto de coordenação. Aparentemente, a direção geral da emissora coordena tudo, nesse momento. O blog Canal 1 não gostou daquela troca, fazendo referência às conquistas de Zebini, que teria sido o grande negociador para as exclusividade olímpicas da Record.

A presença de Honorilton no México pode sinalizar para um maior comprometimento da emissora. Em silêncio, nos corredores da cartolagem, a Record continua incomodando. Semana passada, ofereceu mais pelos torneios internacionais de vôlei, mas a Federação Internacional manteve a Globo no contrato, pelas condições e promessas de visibilidade do esporte.

Como se vê, dinheiro, a Record tem. Falta uma melhor estratégia de comunicação.

210 milhões de dólares

(COM POSPOST, AO FIM)

O COI acaba de anunciar a venda dos direitos de transmissão dos Jogos de 2014 e 2016 para o Brasil (aqui, o release, em inglês). Ficou como foi antecipado pela mídia. A Globo venceu a disputa, mas não pediu exclusividade, na TV aberta, tendo se associado à Bandeirantes. A Record também está confirmada, com os direitos de TV aberta. TV fechada e outras mídias (rádio e web) ficaram com a Globo, em exclusividade.

A Associated Press acaba de informar (aqui, na reprodução do USA Today) que o negócio conjunto rendeu 210 milhões de dólares para “Movimento Olímpico”. O despacho ainda mostra que o Co-Rio irá se aproveitar do anúncio, mostrando como é evidente a força econômica brasileira. O salto do último negócio, fechado pela Record, de 60 milhões de dólares por 2010 e 2012, para 3,5 vezes mais, comprovaria o fôlego do Brasil e deixou o COI com os olhos brilhando.

O presidente do COI, Jacques Rogge, limitou-se a dizer, no release da entidade, o que segue:

“Este é um importante anúncio, não só pelo COI, mas pelo Movimento Olímpico, como um todo. Os brasileiros poderão aproveitar de uma cobertura sem precedentes dos Jogos Olímpicos em 2014 e 2016. O acordo também representa um aumento importante na receita do Movimento Olímpico, que será redistribuído para ajudar a desenvolver e promover esportes olímpicos em torno do mundo.”

Mas o release segue com palavras mais importantes do membro do COI, Richard Carrión, o porto-riquenho que tem se confrontado com o comitê olímpico norte-americano, o Usoc (que pretendia lançar um canal pago de esportes olímpicos e minar o contrato da NBC).

Carrión, que conduziu a negociação com os brasileiros, deixou claro a satisfação, com um agradecimento “pessoal”, na seguinte declaração:

“Esse é um anúncio sem precedentes e eu gostaria de agradecer, pessoalmente, a todas as partes envolvidas na negociação. Trabalhando com as principais organizações de mídia do Brasil, nós estamos confiantes que isso representa um grande negócio para os fãs olímpicos, na região. Haverá um grande aumento na quantidade de transmissão da ação olímpica, durante e fora do período dos Jogos. Os brasileiros terão mais opções de escolher como, quando e onde acompanhar as Olímpiadas.”

Roberto Irineu Marinho, poderoso da Globo, falou de “inovação”, ao não exigir exclusividade. João Carlos Saad falou, pela Band, da longa parceria com o COI. Alexandre Raposo, presidente da Record, reafirmou o compromisso da sua rede de apoiar o Movimento Olímpico.

Óbvio, o teor do documento não foi conhecido, sem que soubéssemos de valores e exigências contratuais, como a quantidade de horas no ar etc.

Pospost: O despacho da AP começa a ecoar forte. Em espanhol, a Univision (canal norte-americano que transmite os Jogos) acrescentou outros trechos da nota da agência, não reproduzidos pelo USA Today. O detalhe maior (aqui) fica por conta da matemática financeira da proposta conjunta das redes: serão pagos 170 milhões de dólares pelos direitos de TV e mais 40 milhões pelos “pacotes promocionais”. Além disso, veio toda a declaração do Carlos Osório, número 2 da campanha do Rio: “Esse é um dia muito positivo para o Rio. Durante a crise econômica (mundial), o Brasil foi o único país que pôde apresentar uma proposta, assim, de força. Demonstra que a economia é muito estável”.

A batalha de agosto

Como disse, a repercussão sobre os direitos de transmissão, no Brasil, dos Jogos de 2016, permanecerá por dias. Radar Online, hoje, colocou os pingos nos is, e refinou sua nota inicial, com as informações mais precisas (abaixo).

Na Folha, o Edurado Ohata, no caderno Esportes, foi além, nos bastidores, para dizer (aqui, na distribuição da Folhapress, em mesmo material publicado no impresso) que, para a Record, “a divisão dos direitos entre várias TVs abertas, repetindo o que ocorrera no Pan do Rio, há dois anos, é visto como indicação de que a candidatura carioca à Olimpíada de 2016 será bem-sucedida”.

Outra revelação importante do Ohata: “Enquanto, nas últimas semanas, Globo e Record veiculavam em suas programações pesadas denúncias uma contra a outra, duas rodadas de negociações ocorreram com o COI.”

Como havia especulado antes, o bate-boca entre Globo e Record teria muito a ver com o a disputa na mesa do COI. Os ataques até diminuíram, encerrando a batalha de agosto, após o leilão dos direitos terminar.

O Globo não disse vírgula, sobre o assunto, direcionando a pauta da edição de hoje para a disparada dos votos dos internautas brasileiros, na enquete do GamesBids.com (aqui, na mesma matéria que foi impressa). E essa, já sabíamos que seria fácil de vencer, porque brasileiro não perde em votações online.

Jornal do Brasil e O Dia nada disseram.

Lauro Jardim, no blog Radar Online, da Veja (aqui), sintetizou melhor o embate de agosto, hoje, em duas notas:

O Terra sobrou… | 11:12

Com a divisão dos direitos de transmissão das Olimpíadas de 2016 entre Globo, Record e Band, o único interessado no evento que ficou de fora foi o portal Terra. O Terra havia surpreendido o mercado ao apresentar ao COI uma proposta que previa até a exclusividade na transmissão de televisão aberta. Mas, no fim, não levou nada. Os direitos de transmissão por internet, celular e televisão paga ficaram com o consórcio Globo-Band.

…e o COI faturou | 11:11

E o maior vencedor nesta disputa foi o COI. Com a aceitação da alta proposta feita pelo consórcio Globo-Band, que não previa exclusividade, o comitê olímpico ficou com a Record na mão. Ou ela aceitava dividir a transmissão – dando mais um bom montante de dinheiro para os cofres da entidade – ou saía como derrotada na disputa. Aceitou dividir.

Globo 2016

Furo do Radar Online, blog da Veja.com, assinado pelo Lauro Jardim (aqui, para que não reste dúvidas):

Televisão

Globo garante Olimpíada de 2016 | 14:01

A Rede Globo se associou com a Band e venceu a disputa pelos direitos de exibição das Olimpíadas de 2016, que poderão ser no Rio de Janeiro. Atualmente, essa era a disputa mais importante entre a Globo e a Rede Record, que havia garantido a exibição dos jogos de 2012.

A nota do Radar, publicada há meia hora, tem proporções inimagináveis. A repercussão virá por dias e as duas emissoras devem se associar, a partir de agora, com uma mobilização global (daí, até que a gente confirme a verdadeira força da Globo), à campanha do Rio de Janeiro pelos Jogos de 2016. Isso porque uma Olímpiada na casa da Platinada, valerá infinitamente mais.

A candidatura do Rio toma novos rumos.

Pospost: Lauro Jardim acaba de alterar o teor da nota original, descrita acima. Então, fica assim:

Globo, Record e Band transmitirão os Jogos | 15:13

Os Jogos de 2016, que poderão ser no Rio de Janeiro, serão transmitidos pela Globo, pela Record e pela Band. O Comitê Olímpico Internacional decidiu não concentrar a exibição na mão de uma só emissora, pondo fim à disputa pela exclusividade da transmissão entre a Globo e a TV Record, que dois anos atrás garantiu o direito de exibir sozinha os jogos de 2012.

A proposta da Globo e da Band foi feita em conjunto e não pedia a exclusividade ao Comitê Olímpico Internacional. A Record apresentou sua proposta separadamente e também foi aceita.

Fogo (inimigo) amigo

Vejamos a repercução amanhã, do primeiro dia de cúpula do COI em Berlim.

Por agora, tenho que comentar os meus posts de ontem, já que ninguém o fez, até o momento.

No caso da guerra entre Record e Globo, meus argumentos ganharam um aliado. A blog Radar Online, do Lauro Jardim, na Veja, seguiu essa trilha, com referência centrada no COI e sua reação, diante dessa confusão toda. É uma guerra comercial sim, como ele entende, mas Jardim avalia que a entidade internacional é a que mais ganhará com os acontecimentos do Brasil. Leia aqui a tese sobre o fogo amigo do colunista da Veja.

Mas sabemos que a Globo entrou nessa para ficar no ataque – com as razões nebulosas que a adversária tenta revelar. Até o momento, a Record também ataca, mas, ao contrário da emissora “platinada”, também tem passado minutos importantes do horário nobre se defendendo.

Do outro post, veio a referência subestimada da notícia despachada ontem pela agência alemã DPA. Hoje, o portal da NBC de Chicago (aqui, em inglês) apontou o forte editorial do diário Marca. A surpresa com a atitude desse veículo é grande em todo o mundo e mesmo no Comitê de Madri. O jornalão (o mais lido da Espanha) concedeu um “certificado de morte antecipada” a capital espanhola.

O edital foi publicado na semana passada e ainda não foi possível verificar todo seu teor, para além do repassado pela DPA. Dirigentes do comitê madrilenho se dizem surpresos. Aqui, o fogo amigo do Marca fez tremer as bases de Madri.

Globo X Record

O anúncio do COI confirmando qual será a emissora brasileira detentora dos direitos de transmissão dos Jogos de 2016 deve sair nos próximos dias, ainda antes de 2 de outubro, quando será escolhida a cidade sede dessa competição, mas a guerra dos bastidores revela novos caminhos e apoio bem-vindo a candidatura do Rio.

Globo e Record disputam o contrato e os lances devem ultrapassar os 100 milhões de dólares. O blog Radar Online revelou (aqui) que os envelopes devem ser entregues até este sábado, sendo que parece muito mais possível que a Executiva do COI e a comissão de direitos de TV da entidade já decida sobre esse emblóglio nesta semana, quando se reúnem, em Berlim.

A eminência de escolha da emissora brasileira coincide com a revelação de Folha e O Globo sobre a ação do Ministério Público de São Paulo contra a cúpula da Igreja Universal e, consequentemente, tendo a Record como alvo. Nas denúncias do MP, consta o desvio de finalidade da instituição que deveria ser sem fins lucrativos. Os lucros, no caso, estariam direcionados para paraísos fiscais e sendo usados para compra de empresas no Brasil, a emissora de TV incluída.

A Globo incluiu a notícia em todos os telejornais da casa e na Globo News, com um destaque agressivo. Lembrou, no Jornal Nacional de ontem, várias cenas polêmicas dos pastores da Universal, com Edir Macedo em tramas contra fiéis.

O contraataque da Record virá hoje. E promete, em seus noticiosos da rede e da Record News, falar dos bastidores do poder da mídia: “Mas, hoje a noite, no Jornal da Record, você vai ver novas reportagens especiais sobre este assunto. Você vai entender os motivos dos ataques da Rede Globo que, desde ontem, de maneira desesperada e tendenciosa tem explorado acusações velhas e já esclarecidas pela Justiça de criticar a Rede Record. Afinal, o que de fato está acontecendo? Quem e quais interesses estão por tras desses novos ataques contra a Record?”

As razões do ataque da Globo,  no entendimento da Record, a ser revelada hoje a noite, pode a disputa eminente pelos Jogos de 2016, com uma tentativa de ridicularizar a emissora da Universal perante a Executiva do COI. Justo agora.

O que tem que acontecer é uma decisão rápida do COI, com a emissora vencedora completamente integrada à campanha. Só assim, para percebemos as notícias da corrida por 2016, nos noticiários locais. Não tenham dúvidas: revelado o contrato de transmissão, o Rio ganhará uma grande aliada.

(Comentarei a nota da Record, em pospost, à noite.)

Pospost: Nem dá pra comentar, porque as duas emissoras comeram mais de 10 minutos de jornalismo para usar de material de arquivo. Tudo requentado. Mas parece que o barulho que a Globo pretendia passa a ter maior fundamento.