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Tietagem vira um bom sinal

O allAfrica.com gaba-se de ser um dos maiores portais da África, com a publicação de mais de mil notas por dia. Foi a fonte mais rica a cobrir o evento da Associação dos Comitês Olímpicos Nacionais da África (Anoca, em inglês). Daí, com tal proximidade, fica mais fácil de constatar o bom papel feito pela delegação do Rio, durante a Assembleia que cedeu espaço para as apresentações das candidatas aos Jogos de 2016.

O allAfrica.com mostrou como foi desesperador para os seguranças a aparição de Pelé, numa festa que ocorreu em Abuja, capital da Nigéria, onde ocorria o encontro de 53 países-membros da Anoca. Imagina-se que o cerimonial foi ao desespero, com a tietagem que se seguiu. Além do fato que, concluiu o portalzão, a aparição do rei só fez comprovar que a candidatura do Rio foi impulsionada. Pelé era, nesta quarta-feira, fonte da matéria mais lida do site, ainda que o assunto fosse a sua torcida pelo (ou aposta no) sucesso da África do Sul, na Copa de 2010. A seguir, trechos da nota do allAfrica.com (aqui, em inglês).

Pelé causa alvoroço em festa da Anoca

Um coquetel organizado pela Associação dos Comitês Olímpicos Nacionais da África, na segunda-feira, foi parcialmente interrompido, quando Pelé chegou ao evento.

A festa, que servia para dar as boas-vindas aos delegados que participaram da 13ª Assembléia Geral, em Abuja, ocorreu na sede do temporário secretariado.

A maioria dos delegados dos 53 países-membros jogaram os cuidados para o vento enquanto corriam para a lenda do futebol, por um aperto de mão ou por uma foto com ele.

A lenda do futebol só pode controlar o aperto de mão que deu no presidente do COI, Jacques Rogge, antes que fosse emporrado pra fora, novamente.

A reação dos delegados foi um indicador de que a presença de Pelé foi um impulso à candidatura do Rio.

Passo firme

Pelé entre autoridades nigerianas (Foto: Vanguardngr.com)

Pelé entre autoridades nigerianas (Foto: Vanguardngr.com)

Vou de Pelé, para abrir meu post de número 100.

E pode ser até comemorativo porque, tecnicamente, o Rio “deu um passo firme hoje”, como reportou o Gamesbids.com (aqui, em inglês). As notícias, de resto, dão conta de uma apresentação tecnicamente e emocionalmente correta, durante a Assembléia da Associação dos Comitês Nacionais Africanos, realizados ontem e hoje, em Abuja, capital da Nigéria.

O encontro da equipe brasileira com as crianças de ontem, na Embaixada do Brasil, virou vídeo de fundo, quando da fala de Pelé, que assinou as bolas levadas pelo Co-Rio para os pequenos nigerianos.

Pelé falou de futebol, por muito tempo, mas quis o tempo todo levantar a auto-estima africana, dizendo de como o continente pode até chegar a final de uma Copa. Era a arma emocional que faltava para encorpar o discurso de uma América do Sul relegada pelo Movimento Olímpico. Do apelo para a afinidade, porque a África também não está no mapa dos Jogos.

Na África, a palavra de ordem do Co-Rio e da proclamada “vez dos pobres”, ecoada pelo presidente Lula, simultaneamente, na França (aqui, no despacho da AFP), só poderiam ganhar a simpatia.

É, ao menos, o que se espera, porque se falou muito pouco até agora da reação da platéia de cerca de 200 representantes de comitês olímpicos africanos. Também não se sabe qual o número de votantes presentes. A África tem 16 membros no COI.

Sabe-se que houve descontração, com as falas de Pelé, e o Co-Rio, em seu site, assinala que foi uma apresentação “com louvor” (aqui tem muito do que foi dito pelos brasileiros).

O fala bem ensaiada do presidente do Co-Rio, Carlos Nuzman, abrangeu a proximidade entre africanos e brasileiros e como deve ser a ação mútua.

“Temos uma herança e costumes em comum que se refletem na cultura, na música, na culinária e, claro, no esporte. Temos o sonho de levar os Jogos Olímpicos pela primeira vez para a América do Sul, abrindo as portas para outro novo continente. A chama olímpica é mais brilhante quando une pessoas e marca novos capítulos na história. Neste século XXI, o Movimento Olímpico deve abraçar novos esportes, novas tecnologias e novas pessoas”, disse Carlos Arthur Nuzman, que discursou em inglês e francês.

O dia depois de amanhã

As candidatas a sede dos Jogos de 2016 fazem suas promessas aos votantes da África, hoje, em assembleia dos comitês olímpicos, na Nigéria, e fica aquela sensação de “O Dia Depois de Amanhã”, o filme em que os Estados Unidos pedem asilo aos mexicanos, após uma catástrofe ambiental. Pois as três cidades do mundo desenvolvido, fortalezas que deportam sem dó, estão oferecendo mundos aos africanos.

Presidente Obama apareceu em vídeo, por dois minutos, para dizer que “espera muito ter a oportunidade de estender as mãos da amizade olímpica a todos vocês, na África”. (Games Bids despachou primeiro, aqui.)

Os japoneses prometaram vistos de entrada para todos os comitês olímpicos. O time de Tóquio também garantiu todo auxílio de logística para a construção das casas dos comitês que participarão dos Jogos 2016. “Nós ofereceremos o máximo possível de suporte para toda a escala de serviços de apoio”, garantiu Tsunekazu Takeda, presidente do comitê. (Aqui, no GB.)

A Espanha também abrirá suas fronteiras e promete ceder suas instalações olímpicas para o treinamento dos africanos, como o Centro de Alta Performance. Mercedes Coghen, do comitê de Madri, pregou “respeito, tolerância e entendimento”(aqui, no GB). Também tenho que dizer que a canditura espanhola levou um membro da família real da Espanha, Dona Pilar de Borbon, aquela realeza que mete tanto medo no presidente Lula (não soube das últimas declarações do presidente? Leia aqui).

Estranhamente, até as 16h (horário de Brasília), o staff do Games Bids não havia despachado nota sobre a apresentação do Brasil, apesar de não ter sido a última cidade a se apresentar.

Em duas frentes

A campanha brasileira pelos Jogos de 2016 ganha corpo amanhã, em duas frentes, do outro lado do Atlântico. Representantes do Co-Rio se apresentam por 15 minutos, na Assembléia Geral do Conselho dos Comitês Olímpicos da África, com participação de Pelé, que já está em Abuja, capital da Nigéria, local do evento.

Na França, o presidente Lula abre espaço na sua agenda para receber, na manhã desta terça-feira, josrnalistas estrangeiros para falar especificamente da candidatura do Rio (leia aqui o que despachou, a AFP).

As poucas novidades do dias estão disponíveis apenas no release distribuído pelo Co-Rio, dando conta das atividades na Embaixada do Brasil na Nigéria, onde Pelé recebeu um grupo de crianças nigerianas, com distribuição de afagos (o release, aqui).

Mãe África

O Chicago Tribune, ontem, tentou mostrar os parâmetro necessários para se vencer na África, com a força de 16 votos no contingente do COI, e como o continente é importante, ao menos, no primeiro round da disputa de 2 outubro, quando será definida a sede dos Jogos de 2016.

Chicago sabe disso e já está certo que haverá um vídeo com a aparição do presidente Obama (como está dito aqui, em inglês). A cidade também irá focar na sua face multicultural, principalmente apontando para os negros de sucesso.

Um embaixador da ONU, Andrew Young, lembra que foi a África que deu a vitória para Atlanta, na fatídica disputa pelos jogos de 96, quando a Grécia queria comemorar o centenário da Olimpíada e foi desbancada, na maior demonstração de descompromisso histórico do COI.

No primeiro round da eleição do COI, uma espécie de primeiro turno, a cidade com menos votos não avança na disputa, se não houver uma candidata escolhida já na votação inicial com mais de 50% dos votos. A África, por não estar na disputa, virou continente chave na abertura da eleição. Quem conquistar os africanos, sai na frente, porque há uma tendência dos asiáticos optarem por Tóquio (como prevê a Folha, aqui) e da Europa e América dividirem os votos entre Rio e Chicago, com Madri a espera de um tropeço das favoritas.

O Chicago Tribune vê o Rio como principal rival de Chicago, na disputa por esses votos, muito baseado na proximidade do presidente Lula que, inclusive, esteve na Líbia, na última semana, em encontro de líderes do continente. Esqueceram do fator Pelé, tão importante quanto a tal aproximação de Lula, que chegou a pedir votos em seu discurso direcionado aos chefes de estado africanos.

Talvez, juntando Lula e Pelé, seria a equação ideal para igualar os efeitos da aparição de Obama, não só em Abuja, capital da Nigéria, mas em Copenhague, local da votação de outubro. Mas não há dúvidas que esse é o momento chave para a disputa e todas as candidatas sabem reconhecer o poder africano.

Pospost: A África já se sente importante, diante dos fatos. Reivindicará Deus, na presença do presidente do COI, Jacques Rogge. O jornal nigeriano This Day, revela nesta segunda-feira (aqui, em inglês), data do início da reunião da Associação dos Comitês Africanos, toda pauta dos cartolas, o que inclui a implantação de dois organismos de controle dos esportes, no continente. Atualmente, essa gestão cabe à Associação dos Comitês Olímpicos Nacionais (Anoca) e eles querem a implantanção de algo nos moldes do Paso (a Organização dos Esportes Pan-Americanos). Querem ser sedes de eventos esportivos importantes e a própria Nigéria tem mostrado que pode fazer o serviço, já garantindo a Copa de sub-17. Enfim, eles começam a se sentir importantes e, em curto espaço de tempo, podem almejar uma Olímpiada. Daí, o melhor caminho seria mesmo optar de desbravadora candidatura do Rio.

Lula sem rodeios: vote no Rio

Presidente Lula e o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, durante cerimônia de abertura da XIII Assembléia da União Africana (Foto: Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Presidente Lula e o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, durante cerimônia de abertura da XIII Assembléia da União Africana (Foto: Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente foi explícito, hoje, em discurso na cúpula da União Africana na cidade de Sirte na Líbia, citando Rio 2016.

Lula chegou por volta das 10h30 (horário local) ao centro de convenções do evento onde era aguardado pelo presidente líbio, Muammar Khadafi. A seguir fez quatro pedidos aos lideres presentes. Lula solicitou que os chefes de Estado e de governo que manifestem seu repúdio ao golpe de Estado em Honduras – recebendo aplausos de parte da plateia -, convidou os líderes africanos a visitarem a América do Sul em setembro, propôs um encontro de ministros de Agricultura de toda África no Brasil e… e pediu votos à candidatura brasileira à Olimpíada de 2016, no Rio. (leia mais, sobre a passagem pela África, aqui, por Agência Estado.)

A configuração dos votos africanos parece menos rarefeita as sandices de muitos políticos da região, como o ditador da Líbia. São 16 votos (e não 15, como havia dito em post anterior), a serem disputados no dia 2 de outubro, assim dispostos: com direito a 2 votos para cada um: Egito e Marrocos; com direito a 1 voto cada: África do Sul, Argélia, Camarões, Costa do Marfim, Gâmbia, Guiné, Namíbia, Quênia, Senegal, Tunísia, Uganda e Zâmbia.

Desses 16, oito foram eleitos para o Comitê após 2000, dois são ministros em seus países, dois são militares reformados, dez já foram ou ainda são presidentes de comitês olímpicos, em seus respectivos países. Um dos eleitores que compõem o governo de seu país, é Nawal El Moutawakel, que preside, no COI, a comissão de avaliação das candidatas a 2016, sendo, paralelamente, ministra de Esporte e Juventude, no Marrocos. Entre os votos da África, há conselheiros da ONU, e tem também o vice-presidente da FIFA e o presidente da entidade máxima do Atletismo (a IAAF, presidida pelo senegalês Lamine Diack).

Parece-me que as aparições de Lula na África, no total de 10, na soma de dois mandatos, são relevantes, na medida que o presidente do Brasil ganha em evidência, tão mais importante que os privados encontros nos palacetes líbios.

Mas é certo também, que a vitória do Brasil, na Copa das Confederações, foi o maior lobby possível, num continente que gosta tanto de futebol. (E no post seguinte, essa idéia ficará mais clara.)

BRA x EUA

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Façamos uma leitura sobre a final da Copa das Confederações, na África do Sul, domingo, com um não-clássico do futebol mundial: Brasil X Estados Unidos. O duelo de Johannesburg espelha o front de batalha para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. E, para o Rio, fica mais uma sensação de exposição, ainda mais no momento em que o esporte mais popular do mundo é posto em stand-by, quanto a sua participação no programa olímpico.

O COI hoje conta com 107 membros, sendo que, desses eleitores, o presidente Jacques Rogge e o coreano Lee Kun Hee (com pedido de afastamento) não votam no próximo dia 2 de outubro, quando da escolha da sede. Dos 105 (sem excluir os votantes com nacionalidade dos quatro países candidatos, que não votam na primeira sessão), 27 declararam, no site do COI, que praticam o bom e velho futebol. Desses, não estão incluídos as declarações de João Havelange (carioca de 93 anos), que não diz praticar, mas que um dia já foi presidente da Fifa, entidade máxima desse esporte. Ou as declarações do italiano Franco Carraro (membro da Fifa e ex-presidente da federação italiana), ou o príncipe Abdulaziz, da Arábia Saudita (presidente de federação de futebol), que também excluem a prática do currículo disponível.

O futebol tem o maior apreço, no colégio eleitoral do COI e, na comparação com o esporte de domínio dos norte-americanos, o basquete, temos a primeira vitória da vocação brasileira: futebol 27 x basquete 18.

Daí, a importância da presença de Péle, em Copenhague, no dia do pleito, no embate promocional contra o rei do basquete, Michael Jordan. Os dois ídolos estarão cara a cara com seus fãs, o que promete ser um dos momentos mais emocionantes do Congresso do outubro.

O futebol, com todo esse prestígio, no COI, passa por momento delicado e uma impressionante declaração do presidente da Fifa, Joseph Blatter, também membro do COI, pode ser fiel da balança, na disputa de outubro. Na queda de braço com Rogge, Blatter tem feito chantagens. Disse, outro dia que o movimento olímpico teria que contemplar todos os continentes. “Se o COI não mudar seus critérios, não vejo como os Jogos Olímpicos possam um dia chegar à África. Esta é a minha opinião, como desportista e também como membro do COI,” lamentou.

Rogge fez apelo para que a Fifa mantivesse as regras do torneio de futebol, com atletas até 23 anos e mais 3 jogadores livres de limite etário. A entidade do futebol quer diminuir a idade para 21.

Blatter revelou ter conversado com o presidente do COI, Jacques Rogge, sobre as possibilidades: “Rogge defende seu evento, e o futebol nas Olimpíadas é muito importane. Ele acha que se reduzirmos a idade de 23 para 21, cairia a qualidade. Não estamos tão certos disso, mas não importa. Pessoalmente, acho que com o sub-23 tivemos boas experiências, ainda que sem os jogadores acima da idade”.

“A discussão será entre sub-21, sub-23, ou voltar ao sistema usado em 1984, em Los Angeles, e 1988, em Seul”, concluiu sobre um torneio sem jogadores que já tenham atuado em Copa.

Os dois dirigentes irão se encontrar após a Copa das Confederações e uma decisão sobre isso saíra em agosto. Mas a pressão de Blatter é sentida nos bastidores do COI, principalmente quando se ouve o suíço pedir por um rodízio e por uma maior participação dos continentes pobres. Visto com um olhar brasileiro, é possível ler um total apoio do presidente da Fifa à campanha do Rio.

Em Johannesburg, no domingo, será possível ver também toda a motivação dos africanos. Dos 15 eleitores da África, seis praticam o futebol, sem contar El Moutawakel Nawal, a presidente da comissão de avaliação das candidatas aos Jogos de 2016 e membro da Fifa (sim! isso mesmo, onde trata das competições femininas), mas que não se declara praticante.

Dentre os fãs do futebol, na África, o COI conta com um membro que compõe o alto escalão da Fifa, sendo parte da comissão de estudos estratégicos da entidade, além de ser o presidente do comitê organizador da Copa da África, presidente do comitê organizador da Copa das Confederações e membro do comitê organizador do torneio de futebo das olímpiadas. O camaronense e vice-presidente da Fifa, Hayatou Issa, é outro homem forte do futebol que vê os passos da seleção brasileira, com a proximidade que pode ser muito boa para o Rio 2016.

Mas a Fifa continua a sonhar com a expansão de seus negócios nos Estados Unidos e até comemorou a chegada nos norte-americanos à final de domingo. Os dólares são os motivadores e o futebol continua como peça chave no jogo de xadrez que virou a disputa pelos Jogos de 2016. Deve ser por isso, que Barack Obama faz tanta questão de levar a Copa de 2018 ou 2022 para os Estados Unidos. Vamos ver qual é o poder do futebol.

Rio toma voto de Obama

O primeiro ministro Odinga corteja o Brasil (The Standard)

O primeiro ministro Odinga corteja o Brasil (The Standard)

O primeiro ministro do Quênia, Raila Odinga, anunciou nesta semana que apóia a candidatura do Rio de Janeiro, na disputa por sediar a Olimpíada de 2016. Ele recebeu a embaixadora brasileira e um membro do Comitê Olímpico Brasileiro e quebrou um elo que parecia totalmente favorável à campanha de Chicago.

Nos bastidores, se acreditava que os votos africanos iriam todos para Chicago, muito à proposito do presidente norte-americano. E não custa lembrar também que Barack Obama tem descendência no Quênia, onde ainda vivem alguns de seus parentes, incluindo sua avó.

O Quênia, também não custa lembrar, tem até membro que vota na escolha da cidade-sede. Seu representante, Kipchoge Keino, foi campeão olímpico, nos anos 60.

A “adesão” do político à campanha brasileira foi destaque de jornais locais, como o The Standard.