Façamos uma leitura sobre a final da Copa das Confederações, na África do Sul, domingo, com um não-clássico do futebol mundial: Brasil X Estados Unidos. O duelo de Johannesburg espelha o front de batalha para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. E, para o Rio, fica mais uma sensação de exposição, ainda mais no momento em que o esporte mais popular do mundo é posto em stand-by, quanto a sua participação no programa olímpico.
O COI hoje conta com 107 membros, sendo que, desses eleitores, o presidente Jacques Rogge e o coreano Lee Kun Hee (com pedido de afastamento) não votam no próximo dia 2 de outubro, quando da escolha da sede. Dos 105 (sem excluir os votantes com nacionalidade dos quatro países candidatos, que não votam na primeira sessão), 27 declararam, no site do COI, que praticam o bom e velho futebol. Desses, não estão incluídos as declarações de João Havelange (carioca de 93 anos), que não diz praticar, mas que um dia já foi presidente da Fifa, entidade máxima desse esporte. Ou as declarações do italiano Franco Carraro (membro da Fifa e ex-presidente da federação italiana), ou o príncipe Abdulaziz, da Arábia Saudita (presidente de federação de futebol), que também excluem a prática do currículo disponível.
O futebol tem o maior apreço, no colégio eleitoral do COI e, na comparação com o esporte de domínio dos norte-americanos, o basquete, temos a primeira vitória da vocação brasileira: futebol 27 x basquete 18.
Daí, a importância da presença de Péle, em Copenhague, no dia do pleito, no embate promocional contra o rei do basquete, Michael Jordan. Os dois ídolos estarão cara a cara com seus fãs, o que promete ser um dos momentos mais emocionantes do Congresso do outubro.
O futebol, com todo esse prestígio, no COI, passa por momento delicado e uma impressionante declaração do presidente da Fifa, Joseph Blatter, também membro do COI, pode ser fiel da balança, na disputa de outubro. Na queda de braço com Rogge, Blatter tem feito chantagens. Disse, outro dia que o movimento olímpico teria que contemplar todos os continentes. “Se o COI não mudar seus critérios, não vejo como os Jogos Olímpicos possam um dia chegar à África. Esta é a minha opinião, como desportista e também como membro do COI,” lamentou.
Rogge fez apelo para que a Fifa mantivesse as regras do torneio de futebol, com atletas até 23 anos e mais 3 jogadores livres de limite etário. A entidade do futebol quer diminuir a idade para 21.
Blatter revelou ter conversado com o presidente do COI, Jacques Rogge, sobre as possibilidades: “Rogge defende seu evento, e o futebol nas Olimpíadas é muito importane. Ele acha que se reduzirmos a idade de 23 para 21, cairia a qualidade. Não estamos tão certos disso, mas não importa. Pessoalmente, acho que com o sub-23 tivemos boas experiências, ainda que sem os jogadores acima da idade”.
“A discussão será entre sub-21, sub-23, ou voltar ao sistema usado em 1984, em Los Angeles, e 1988, em Seul”, concluiu sobre um torneio sem jogadores que já tenham atuado em Copa.
Os dois dirigentes irão se encontrar após a Copa das Confederações e uma decisão sobre isso saíra em agosto. Mas a pressão de Blatter é sentida nos bastidores do COI, principalmente quando se ouve o suíço pedir por um rodízio e por uma maior participação dos continentes pobres. Visto com um olhar brasileiro, é possível ler um total apoio do presidente da Fifa à campanha do Rio.
Em Johannesburg, no domingo, será possível ver também toda a motivação dos africanos. Dos 15 eleitores da África, seis praticam o futebol, sem contar El Moutawakel Nawal, a presidente da comissão de avaliação das candidatas aos Jogos de 2016 e membro da Fifa (sim! isso mesmo, onde trata das competições femininas), mas que não se declara praticante.
Dentre os fãs do futebol, na África, o COI conta com um membro que compõe o alto escalão da Fifa, sendo parte da comissão de estudos estratégicos da entidade, além de ser o presidente do comitê organizador da Copa da África, presidente do comitê organizador da Copa das Confederações e membro do comitê organizador do torneio de futebo das olímpiadas. O camaronense e vice-presidente da Fifa, Hayatou Issa, é outro homem forte do futebol que vê os passos da seleção brasileira, com a proximidade que pode ser muito boa para o Rio 2016.
Mas a Fifa continua a sonhar com a expansão de seus negócios nos Estados Unidos e até comemorou a chegada nos norte-americanos à final de domingo. Os dólares são os motivadores e o futebol continua como peça chave no jogo de xadrez que virou a disputa pelos Jogos de 2016. Deve ser por isso, que Barack Obama faz tanta questão de levar a Copa de 2018 ou 2022 para os Estados Unidos. Vamos ver qual é o poder do futebol.