Arquivo do dia: 13/07/2009

Toda tensão de volta à mesa

O site da revista Time levanta uma questão importante sobre o embate entre o Comitê Olímpico dos Estados Unidos (Usoc) e o COI, em relação aos direitos de TV. Em reportagem disponibilizada hoje (aqui, em inglês), a revistona norte-americana sugere um único caminho conciliador para a entidade menor, ainda apostando no favoritismo de Chicago, na disputa pelos Jogos de 2016.

É lendo a Time que ficamos com os pés mais fincados, a respeito das possibilidades brasileiras, nessa disputa.  Hoje, o Rio pode ter uma pequena vantagem mas, se quiserem, os americanos viram o jogo, no momento que quiserem, se considerarmos os prognósticos da revista.

A Time traça um perfil curioso do COI, dizendo que seus membros são isolados . Mas sabem da força econômica que faz brilhar os olhos desses mesmos cartolas. A escolha pela sede olímpica tem viés financeiro e, mesmo com todo o esforço (e gasto promocional) do Rio, Chicago tinha mesmo a preferência da cúpula olímpica (ainda mais se vermos as declarações do dirigente da NBC americana). Até que surgiu o Usoc.

Para a Time, o Usoc precisa fazer dinheiro, neste momento, após a perda de patrocinadores importantes, como a The Home Depot, a General Motors e o Bank of America, todos atingidos pela atual crise econômica. Mas a ideia do canal por assinatura sobre esportes olímpicos é combatida, em um primeiro veículo de comunicação, por não garantir saúde financeira ao Usoc.

Muito pelo contrário, segundo a Time: o Usoc teria muito mais a ganhar com a vitória de Chicago, concluindo, em seguida, porque um canal com esse perfil, em meio a recessão, não atrairia novos assinantes. “Quem iria querer ver taekwondo ou tênis de mesa, em uma tarde de sábado?”

A Time vê também um campo de batalha para que o Usoc restabeleça sua força, junto ao COI, que pretendia cortar a faixa de lucro da entidade, na divisão dos contratos com as empresas norte-americanas. A revista até pergunta porque o comitê nacional não discutiu os planos com o COI antes do anúncio de acordo com a Comcast; ou mesmo porque o Usoc não fez o lançamento do novo canal, após a eleição de outubro. Para pressionar o COI, subentende-se.

Daí, a sensação de que um acordo entre o Usoc e o COI, às vésperas da eleição de outubro, pode fazer Rio, Tóquio e Madri subirem no telhado. O comitê americano, já se sabia de muito tempo, é a única pedra no sapato da entidade máxima (tem também a sisma de que o americano é arrogante, por excelência, o que fez Nova York perder feio, na última disputa por sede). O Usoc vem incomodando a cúpula olímpica e, como disse a Time, “toda a tensão está de volta à mesa”.