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Show do almoço

Globo e Sportv promoverão o show do almoço de sexta-feira, dia 2, no momento que será anunciado a sede dos Jogos de 2016. As emissoras instalarão telões, na praia de Copacabana, segundo a coluna de Ancelmo Gois, no Globo de hoje. O evento começa às 10h, com shows de Lula Santos, Grupo Revelação e a bateria do Salgueiro. O resultado sai entre 13h e 14h (horário de Brasília).

A Globo entrou na disputa, definitivamente. O seu Globo Esporte, diariamente, apresenta a coluna “Quem sabe em 2016?“, falando das promessas brasileiras para os futuros Jogos.

Hoje, a AP informou que cerca de 20 emissoras transmitirão ao vivo do Bella Center, complexo onde ocorrerá a Sessão do COI que definirá a sede de 2016. Os organizadors dinamarqueses esperam uma adiência que alcance o 1 bilhão de pessoas.

O evento custou 9,1 milhões aos dinamarqueses e o Congresso do COI, que começará um dia depois da eleição da sede de 2016, terá a participação de 1,2 mil delegados. O comitê também votará a eleição do presidente (com esperada recondução de Jacques Rogge) e de novos membros. O príncipe dinamarquês Frederik é o mais evidente, dentre os seis nomes submetidos.

O foco

O Comitê Olímpico dos Estados Unidos (Usoc, em inglês) mandou um recado hoje, em nota assinada por Stephanie Streeter, chefe da Executiva da entidade que tem dívida a pagar com a candidatura de Chicago (a nota completa, em inglês, aqui). O Usoc deu um basta nas especulações de futuras candidaturas para sedes olímpicas e disse que o foco, no momento é por Chicago 2016.

Isso tudo, segundo o Los Angeles Times (aqui, em inglês), para impedir que as futuras pretendentes a sede de 2018 (nos Jogos de Inverno) e 2020 (Jogos de Verão) atrapalhem a proposta atual de Chicago, por 2016, sendo que a vitória dessa cidade americana impediria outra indicação num futuro próximo.

O LAT achou que a coisa estava ficando complicada, com o assanhamento de uma cidade do interior dos Estados Unidos, Tulsa, que fica em Oklahoma, com 387 mil habitantes e que já montou até comitê por 2020 (as linhas gerais da campanha, aqui). A cidadezinha quer ser a nova Atlanta.

Acontece que, no geral, todas as propostas de candidatas para os Jogos Olímpicos e Copa do Mundo mexem com o balaio da geopolítica que só favorece o Rio, até o momento. A cada anúncio de pretendentes, a reação negativa nos comitês por 2016 é sentida de imediata. Munique anunciou 2018 e Madri tremeu. Harbin, na China, mostrou interesse por 2018 e Tóquio refez as contas dos votos asiáticos.

Nos Estados Unidos, a briga é mais ferrenha. São sempre muitas cidades interessadas e o Usoc define a única postulante norte-americana, tal como aconteceu no Brasil, na definição entre São Paulo e Rio. Abaixo, listo as interessadas e toda especulação da mídia, para os próximos Jogos e Copa.

Olímpiada 2018
Harbin – China
Munique – Alemanha
Genebra – Suíça
Annecy – França
PyengChang – Coréia do Norte
Tromso – Noruega

Olímpiada 2020
Dubai – Emirados Árabes Unidos
Tulsa – EUA/Oklahoma
Pittsburgh – EUA
Minneapolis – EUA
Detroit -EUA
Birmingham – EUA/Alabama
Durban – África do Sul
Delhi – Índia
Roma – Itália

Copa 2018
Bélgica/Holanda
Inglaterra
Rússia
Portugal/Espanha
Estados Unidos
México
Indonésia
Japão
Austrália

Linguagem de cartolas

Pelé e Havelange juntos?

Pelé e Havelange juntos?

João Havelange presidiu a Fifa – entidade máxima do futebol – por 24 anos e usou da experiência comprovada com título de dirigente do século (recebido em 1999) para conceder uma dura declaração à coluna Gente Boa, no Globo de hoje. Desconsiderando a capacidade de seu ex-genro, Ricardo Teixeira, que preside o comitê gestor do Mundial de Futebol de 2014, disparou: “O dinheiro acabou. Todos os que se apresentaram como construtores para fazer estádios no Brasil para a Copa, já tiraram o time de campo. Não haverá estádios novos, mas apenas reformados. O BNDES não vai liberar verba para a construção”. O ex-prefeito do Rio, César Maia, replicou, em seu blog/mailing e o bochicho só vai crescendo.

É a bomba do dia, no mercado do esporte, para além das negociações do período de janela aberta do futebol europeu. Havelange mostra uma dura realidade e, se verdadeira, veremos, nos próximos dias, um Teixeira cabisbaixo nas ante-salas dos gabinetes de Brasília, com pires na mão e com o orgulho ferido.

Ricardo Teixeira tem dado de ombros pra grande parte dos políticos, até então, dizendo que a Copa não verá dinheiro público, na construção dos estádios (aqui, no UOL, mais sobre a questão de gastos públicos). Muitos governadores e prefeitos já desmentiram e prevêem os gastos no orçamento dos próximos anos, chorando a sangria inesperada.

E justo Havelange, pra dizer tal bomba!

 

Como se sabe, o carioca João Havelange é o membro decano da COI – com mais tempo no quadro de votante. Tem um histórico que, seguramente, moldou a anedótica, porém inatingível esfera da cartolagem. Um golpe desse, na candidatura do Rio para os Jogos de 2016, e tudo estaria perdido para os brasileiros, na eleição de 2 de outubro.

Mas o dirigente do século (ao lado de Juan Antonio Saramanch e Pierre de Coubertin), que completará 100 anos exatamente em 2016, carrega a bandeira do Rio como um último ato e, por enquanto, é das forças motoras da campanha brasileira, talvez a mais influente, num universo onde a linguagem da cartolagem só é entendida pelos seus pares.

O Michel Castellar, do Lance!, revelou (aqui) que Havelange escreveu e está remetendo cerca de 100 cartas para cada um dos membros do COI, com mensagens personalizadas e pedidos que denotam as relações pessoais do ex-dirigente. O cartola mor tem cobrado os favores concedidos no período em que mandou no futebol e enriqueceu muita gente.

Da lista de Havelange, impossível de ser mensurável, se conhece algumas afinidades, como na sua proximidade com o presidente da FIFA, Joseph Blatter, e com o ex-presidente do COI, Juan Antonio Samaranch (estendida ao filho desse espanhol, votante, em caso de derrota de Madri, nos primeiros “turnos” da votação de Copenhague).

Havelange elegeu Blatter, contra tudo e todos, em 1998. Deixou a Presidência da FIFA, tendo criado um complexo de entretenimento que não valia nada, quando de sua primeira eleição, em 1974. O esporte era deficitário e passou a movimentar cerca de 250 bilhões de dólares por ano, na data de sua saída. Foi uma história de sucesso, para além das verdades dos detratores.

O sueco Lennart Johansson, então presidente da Uefa, era favoritíssimo ao cargo máximo do futebol, no fim dos 90. Tanto que Havelange teria desistido de concorrer a mais um pleito, com medo da derrota. Mas, contra essa suposição, o brasileiro foi ao ataque e fez Blatter seu sucessor. E o fez sozinho praticamente sozinho.

Veja bem: com votação entre cartolas do mundo inteiro, ganhou a confiança dos africanos, arrematou todos os votos das Américas e até da blindada zona européia, sob controle de Johansson. A eleição era fechada, mas reportagens da época apuraram as artimanhas de Havelange, que conseguiu ainda uma aproximação com Michel Platini, que seria uma espécie de embaixador da campanha de Blatter.

O ex-jogadorzaço francês era uma resposta ao cabo eleitoral de Johansson, um senhor chamado Pelé, no período de maior confronto entre Havelange e o maior jogador brasileiro de todos os tempos. O cartola venceu e o rei do futebol ainda amargou sua maior saia justa, durante o périplo da escolha do presidente da FIFA. Chamou Platini, na ocasião, de perdedor e recebeu uma resposta tão polida, quanto esmagadora: “É uma honra saber que o maior jogador da história conhece meu nome”, respondeu o francês, com elegância.

Na escolha de Blatter, uma sequência de escândalos, como se vê no livro “Cartão Vermelho”, de Andrew Jennings. Esse jornalista inglês conta que até hoje o brasileiro carrega uma carta de crédito ilimitado, patrocinado pela FIFA, muito por conta dos serviços prestados não à entidade, mas aos homens que hoje a dirige. Há suspeitas de toda ordem que inclui a participação do marketing. Pois a montanha de dinheiro erguida na gestão do brasileiro, foi repartida ali mesmo, no entendimento de Jennings. Havelange, nesse livro, se perpetuou com a ajuda de graúdos da indústria do esporte, como o ex-dono da Adidas, Horst Dassler.

O alemão morreu em 1987, mas teria preparado o terreno para o mais longo e promíscuo relacionamento de mercado entre cartolas e empresários. Para além disso, essa história de marketing esportivo teria nascido aqui, como conta o livro “Invasão de Campo” (Ed. Zahar, 362 págs.), de Barbara Smit, que traça a história dos irmãos criadores das marcas Adidas e Puma, rivais eternos. Horst Dassler é filho do criador da primeira, Adolph (o Adi que deu origem ao conhecido nome), que elevou a marca das três listrinhas ao patamar que conhecemos hoje.

Pois Horst Dassler é o símbolo maior da relação desses cartolas todos com o “movimento olímpico” que não conhecemos. Ele foi criador da ISL, uma das principais agências de marketing esportivo do mundo, que faliu em 2002, muito depois da morte de seu empreendedor, envolvida numa rede de escândalos com apuração policial que ainda não terminou.

Horst Dassler, como se sabe, elegeu Havelange em 74, com a promessa de injeção de recursos na FIFA, e também moldou a nova ordem do COI, tendo eleito Juan Samaranch, em 1980. O dono da Adidas e Havelange, se sabe hoje, impulsionaram o COI que vemos com a força de principado, a partir da eleição do espanhol.

Daí, constatar, sem surpresa, as “amizades dentro do COI” declaradas pelo dirigente do século, pelo ex-sogro de Ricardo Teixeira (dizem que ficou mágoa, mas Havelange poupa o presidente da CBF de críticas), pelo decano que pode não votar, no próximo 2 de outubro – caso o Rio chegue à disputa final pela sede de 2016.

Os bastidores de uma eleição como essa – secreta e repleta de gente de culturas tão distintas, quase todas movidas por dinheiro e poder, não serão completamente dissecados pela mídia, mesmo com a aproximação do pleito. Podem surgir em polêmicos livros não-autorizados, nas próximas décadas, sem a voz oficial que prefere o silêncio.

Havelange tem feito tudo dentro dessa regra do silêncio, falando a língua da cartolagem que ele conhece tão bem e (incrível!), num movimento contínuo ao lado de gente impensável, em décadas anteriores, como seu maior desafeto, o rei Pelé.

Cada eleição é mesmo diferente.

Copa vira moeda de troca

A Copa do Mundo de 2018 deve virar mesmo moeda de troca. A Inglaterra acaba de anunciar, oficialmente, com Beckham, premiê e tudo mais (notícia, aqui), que o país é candidato a receber o Mundial, na mesma década em que os ingleses serão anfitriões da Olímpiada, no momento em que o Brasil também tenta a dobradinha.

Aliás, são cinco os países que degladiam para hospedar os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, num intervalo de menos de quatro anos. A Inglaterra concorre com Estados Unidos, Austrália, México, Rússia, Indonésia, Japão e as candidaturas conjuntas de Espanha/Portugal e Holanda/Bélgica. A escolha será em dezembro de 2010, quando a Fifa anunciará as sedes das Copas de 2018 e também de 2022.

Com EUA, Espanha e Japão, no páreo, a Inglaterra, especialista em guerra de bastidor, pode atuar no campo do lobby dentro da disputa pela sede olímpica de 2016. A Copa de 18, queira ou não, virou mesmo moeda de troca para os pretendentes olímpicos.

Nessa lógica, o Brasil é único país na disputa pela sede de 16 a não querer a Copa em 18, pela garantia de ser sede em 14. Com membro no Comitê Executivo da Fifa, Ricardo Teixeira (que, aliás, não é muito a favor dos olímpicos), o Rio ganharia um grande aliado, se o presidente da CBF topasse atuar no lobby carioca.

Na última semana, o presidente Obama chegou a enviar uma carta oficial ao presidente da Fifa, declarando o interesse dos EUA pela sede do Mundial de 2018 ou de 2022. Gordon Brown, primeiro ministro inglês, agora faz o mesmo e embate do americano pode se prolongar para além da escolha da sede olímpica, em outubro.